sábado, 10 de abril de 2010

Não seja um fariseu!

foto: Tetsu San (um belo espetáculo)

Imagine uma criança que nunca recebeu amor dos pais.
Certo dia ela conhece uma menininha cujos pais a cobrem de amor e afeto.
A primeira criança diz para si mesma:
“Quero ser amada desse jeito também.
Vou fazer o que for preciso para conquistar o amor do meu pai e da minha mãe.”
Então, para ganhar o carinho dos pais, ela passa a escovar os dentes,
arrumar a cama, sorri, tem bons modos,
nunca chora nem reclama de nada,
nunca expressa uma necessidade sequer
e aprende a esconder os sentimentos negativos.

É assim que fazem os fariseus.
Eles seguem a lei com todo rigor para despertar o amor de Deus.
Se for necessário, eles a reescrevem para dar destaque a coisas que não estavam mesmo pretendendo fazer: dançar, fumar, beber.
Ou para destacar as coisas que eles gostam:
o compromisso com programas da igreja é sinônimo de compromisso com Deus, votar em (coloque aqui o nome do seu candidato) é o que Jesus faria.
A imagem que eles têm de Deus prende-os a uma teologia
que incentiva as obras em troca da aprovação que vem do céu.
Se Deus é um contador detalhista que gosta de encontrar
erros de quem quer que seja o fariseu deve buscar uma vida que minimize o risco de erro.
Assim, no dia do juízo final, ele poderá apresentar a Deus uma folha de serviços perfeita,
e Deus será obrigado a aceitá-la.
Que fardo impossível!
O pesadelo de nos tornarmos apresentáveis a um Deus distante
e perfeccionista é extenuante.
Os legalistas não conseguem nunca viver à altura das expectativas
que projetam sobre Deus, pois,
como nos lembra Eugene Kennedy,
“sempre haverá uma nova lei, e com ela uma nova interpretação,
um novo fio de cabelo que precisará ser cortado ao meio com a mais perfeita navalha eclesiástica”.

É assim que nascem novas igrejas, denominações e organizações cristãs:
dois fariseus se encaram e resolvem que a cidade onde estão é pequena demais para eles dois.
O fariseu dentro de nós é a face religiosa do hipócrita, que sempre se sente desconfortável no relacionamento com Deus.
A compulsão por se sentir seguro com Deus alimenta um desejo neurótico de perfeição e um auto-exame moralista interminável que lhe torna impossível sentir-se aceito.
O hipócrita vive numa nuvem de fracasso pessoal, baixa auto-estima, ansiedade, medo e depressão. Fora isso, o resto vai bem.
Pergunte a ele.

Citação de Brennan Manning no livro
Falsos, Metidos e Impostores.
pgs.: 103, 104.
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